segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Política vs. Investimentos

Une patrouille de l'armée guinéenne dans une banlieue proche de la capitale Conakry, le 18 novembre 2010.
O exército patrulha as ruas de Conakry
Foto da Reuters - Joe Penney


A Guiné está em estado de emergência desde 5ª feira passada para ver se consegue controlar os diversos protestos violentos que ocorreram no país logo após o resultado da eleição presidencial. Este é um padrão africano, geralmente depois de resultados de eleições “a cobra fuma”.

Mas aparentemente a calma está imperando no país desde então. Algumas ONGs estão denunciando abuso da Força Especial de Segurança do Processo Eleitoral (FOSSEPEL). Dizem que invadem casas, quebram as mobílias e estupram as mulheres. Cerca de 10 pessoas morreram desde o resultado das eleições. Algumas foram mortas por rivalidades políticas e outras pela FOSSEPEL. O “método” parece ter surtido efeito e os manifestantes estão agora em casa.

A Corte Suprema da Guiné vai decidir até dia 02 de dezembro o veredito final das eleições. Apesar de o resultado oficial ter dado 52% dos votos a Alpha Condé, seu rival Celloun Diallo entrou com recurso de fraude e outras acusações. O primeiro colocado também entrou com diversos recursos na Corte Suprema contra seu rival perdedor. Todos os processos devem ser julgados em no máximo 10 dias, quando o resultado verdadeiramente definitivo deve ser anunciado. Não dá pra saber se vai haver mudança do resultado já anunciado, mas se houver há boas possibilidades de mais protestos e violência.

Enquanto isso eu fico aqui no Brasil esperando essa turma se resolver pra poder embarcar. Instabilidade política é de fato um grande espantalho para investidores e empresas de fora. Enquanto não se entendem, os investimentos no país ficam parados, esperando...

O projeto do qual vou participar ficou 20 anos nas mãos da Rio Tinto, que por dificuldades políticas não conseguiu desenvolvê-lo. Nesses 20 anos passaram ditadores e militares, nada amistosos com investidores internacionais.

Uma vez resolvida toda essa questão eleitoral e com relativa tranqüilidade reinando, a Vale deve entrar com tudo pra não dar tempo de ter outra recaída política no país e o projeto ficar parado por mais 20 anos.

O projeto engloba a construção de duas vias férreas, um aeroporto, um porto (na Libéria), uma hidroelétrica entre outros. Fora a mina propriamente dita. É um mega projeto sobre o qual ainda sei poucos detalhes. De toda forma sei que o país com o 13º pior IDH do mundo (de 169 países) deve estar desesperado por investimentos de todos os tipos. E a Vale só vai mandar os expatriados uma vez que houver estabilidade política. Se não, nada de aeroporto, mina, hidroelétrica, linha férrea...

Fico pensando no Brasil e da quantidade de investimentos estrangeiros que entraram desde o fim da ditadura. O país saiu do marasmo e da miséria para o status de potência econômica e líder das nações emergentes em pouco mais de 20 anos. Talvez na Guiné eu observe algo em comum com o Brasil de alguns anos atrás, a abertura política, sua transformação e crescimento lentos... embora eu acredite que vá demorar mais tempo do que 2 ou 3 anos (o tempo que devo ficar por lá) pra sentir alguma mudança paupável. Apesar de que para um país onde falta praticamente todos os tipos de infraestrutra, uma pequena diferença pode surtir um grande efeito.

É ver pra crer.

2 comentários:

  1. achei o seu blog muito bom.tambem sou da vale. me inscrevi para as vagas de semandou tambem.

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  2. Obrigado! Espero que possamos nos encontrar na Guiné. Boa sorte com a vaga.

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